O Special Kids Photography, foi criado em 2000 , na Pensilvania,
depois que uma mãe teve um péssima e desagradável experiência
em um estúdio de fotografia.
Ela era mãe de uma criança que nasceu com deficiência física grave
e ao completar 1 ano de idade, ela procurou um fotógrafo
profissional para retratá-lo. Ao entrar no estúdio , o fotografo
olhou para a criança, olhou para a mãe e fez aquela cara de : “você
quer que eu tire uma foto dele !”
A mãe, com esse olhar de desprezo do profissional, saiu arrasada,
com um mix de sentimentos ( frustração, confusão , magoa e raiva).
Vale ressaltar que nem sempre é preciso dizer uma palavra, nosso
rosto também fala e as mães de crianças especiais são phD em
fazer leitura facial. O preconceito também se faz no silêncio.
A partir desse episódio, essa mãe-leoa, pensou em criar um
treinamento para os fotógrafos para que eles pudessem realizar
fotos desses seres especiais, respeitando a limitação de cada um .
Por exemplo, uma criança com Sd. de Down, responde de forma
diferente do que uma criança que tenha autismo.
O treinamento não foca na doença, mas sim em como ela afeta o
comportamento da criança e como o fotógrafo vai conseguir fazer
a conexão com ela.
Você ja parou para pensar , se uma família vem procurá-lo para
fazer um ensaio e o filho tem autismo ? Você acha que vai
conseguir chamar a atenção da criança para a câmera apenas com
barulho ou bichinhos de câmera ??
Você já parou para pensar como faria o retrato de uma criança com
deficiência visual ?
Você já parou para pensar como fazer um ensaio recém-nascido de
uma criança com sd. de Down ? E aquela que tem paralisia cerebral ?
Nessas horas não basta conhecer as técnicas de iluminação ,
ângulos, regras de composição e por ai vai. Você tem que conhecer
a criança, aquele serzinho indefeso, com suas limitações e
deformidades. Você tem que entrar no mundo dela e na dos pais
também .
O fotógrafo está acostumado a fotografar o que é belo, o que está
dentro dos “padrões “ da sociedade e padrões de "normalidade ",
certo ?
E quando temos na nossa frente alguém que não se enquadra
dentro desses padrões, o que fazer ? Negar ? Fazer de qualquer
jeito ?
Não … claro que não, sempre temos que dar o nosso melhor. (Tudo
o que você se propõe a fazer , faça bem feito) .
E eu , mesmo sendo fisioterapeuta, conhecedora das patologias e
suas sequelas, fiz o Workshop Special Kids Brasil, no ano de 2014,
com o instrutor Rubens Vieira.
"MAS Ana, você é fisio .. você não sabe tudo ? “
NÃOOO, eu não sei tudo ! Uma coisa é ser fisioterapeuta, com o
objetivo de cuidar, tratar, o meu OLHAR é terapêutico, minha
função é integrar essa criança dentro da sociedade, torná-la
independente, minimizar as dores dos pais.
Como fotografa, tenho que buscar o sentimento, a beleza que está
nos detalhes, no que não é visível.
Então, fiz o WS.
Fiquei encantada pela históiria do Special Kids , pela abordagem e
como é complexo fotografar crianças especiais.
No final do curso, o Rubens, falou que se os alunos quisessem ,
poderíamos prestar uma prova para ser um fotógrafo credenciado
pela Special Kids.
E É CLARO, que fiz esse processo.
Primeiro você faz uma prova teórica e depois uma prova prática.
A prática era fotografar 3 famílias, usando os recursos da teoria. E
essas fotos seriam avaliadas e só então, caso aprovado você
receberia o credenciamento.
Ai vem a dúvida: Quem fotografar ? Como fotografar ?
S.O.C.O.R.R.O !!!
Em uma manhã qualquer , fez-se EUREKA no meu cérebro:
“ANA, você é fisio !! Fotografe a rotina de uma criança, dentro
do ambiente que ela mais esta acostumada a frequentar, que é
uma clinica de reabilitação! “
Pedi ajuda das minhas professoras da faculdade: Ana Paola e Étria !
E elas junto com a diretoria da Clínica de Fisioterapia da
Universidade Mackenzie , permitiram que o meu trabalho fosse feito
lá.
Gente… foi lindo e gratificante, estar dentro de uma Clínica de
Fisioterapia , não para tratar mas para fotografar essas crianças
que sempre me ensinaram muito.
Lindo ver o sorriso no rosto das mães, quando eu falava o porque
de estar ali.
E assim, no dia 24 /12 /2014 … recebi o meu credenciamento !
Ao fotografar uma criança especial, você aprende a entrar no
Universo dela, e é isso que faz você ser uma pessoa melhor , um
fotografo melhor, que realmente está preocupado com as pessoas
que irão passar pela sua lente, porque cada um é ÚNICO , cada um
tem a sua história.
Infelizmente, eu não posso mostrar as fotos feitas para o
credenciamento.
Mas segue as fotos da Festa Junina realizada no Parque da Água
Branca, em 2015 .